[Nepal 1] Kathmandu, Boudhnath e Nagarkot

O menino mais arrumadinho de Durbar Square

O menino mais arrumadinho de Durbar Square

Quando você acha que já viu de tudo e nada mais pode te impactar de verdade, chegou a hora de conhecer Kathmandu, a capital mais improvável onde já pisamos. Após muitas e muitas horas de voo, além de uma conexão de em Doha, chegamos finalmente na cidade (que é, praticamente, a única do país – o restante não é minimamente urbanizado). Dica prática: leve 2 fotos no formato 5×5 (tipo de passaporte) e US$ 25 para tirar o visto no aeroporto. No tumultinho do lado de fora do aeroporto, não conseguimos encontrar nossa carona para o hotel e pegamos um táxi comum (isto é, um carrinho caindo aos pedaços). Entramos no formigueiro de Kathmandu e chegamos ao nosso hotel, no coração de Thamel, o bairro onde se concentram os turistas. Ambassador Garden Home Hotel: ficamos nesse hotel duas vezes durante a passagem pelo Nepal, quando chegamos e quando partimos. O hotel é muito bem localizado, tem um jardim interno onde é servido o café-da-manhã (bem inglês: ovos, batatas e bacon) e oferece acesso gratuito à internet. Na chegada, ficamos num quarto de casal super espaçoso e silencioso, que dava para os fundos do hotel. Na partida, o hotel nos colocou num quarto com camas de solteiro que dava para a rua barulhenta. Gostamos do hotel, mas rolou um descaso com nossa segunda reserva. US$ 75 diária casal com café e internet. Nesse primeiro dia, dormimos um pouco e depois saímos para dar uma volta por Thamel. Jantamos no restaurante Or2k, que fica num beco em Thamel. Gostamos da comida vegetariana e do ambiente cool. É preciso deixar os sapatos na porta e a maioria das mesas fica no chão. Além das opções de pratos nepaleses e indianos, rola uma influência israelense também. 2014-04-13 No segundo dia em Kathmandu, resolvemos dar uma volta a pé pela cidade, do nosso hotel até a Durbar Square, a praça principal com vários templos. Num primeiro momento, achei que Kathmandu era uma mistura de La Paz com Bangkok, só que com sáris, vacas e motos. Agora, já acho que nunca vi nada parecido no mundo. A maior parte das ruas não tem asfalto. Nunca respirei um ar tão poluído também: fumar 30 charutos por dia seria menos mortífero. E isso, provavelmente, porque as bicicletas têm sido trocadas pelas motos (não apenas no Nepal, mas, como vimos, também na Índia).  As pessoas buzinam seus carros e motos o tempo todo sem muito critério. Ou seja, a buzina como alerta não faz sentido, ninguém parece prestar atenção, até porque seria difícil identificar de onde o ruído veio. Não existe calçada, então pedestres, carros, motos, bicicletas, rinquixás, vacas e ambulantes ocupam os mesmos espaços num tumulto inacreditável. Tampouco existe sinal de trânsito . Os homens andam de mãos dadas como sinal de amizade, escarram no chão e usam um chapéu colorido chamado ‘nepal’ que dá nome ao país.

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Num dos vários altares pelos quais passamos nas andanças pela cidade

Quando saímos do hotel nesse segundo dia, decidimos seguir por conta própria uma rota a pé proposta pelo Lonely Planet. No caminho, visitamos templos, altares e estátuas que estão espalhados por toda a cidade. Vimos crianças monges numa aula de cânticos e um monge idoso meditando de forma tão profunda que parecia uma estátua de cera. Tive que convencer o Victor de que ele estava realmente vivo. Vimos também a “deusa viva”, chamada Kumari, que fica presa num palácio na praça principal e só aparece por alguns segundos na janela para ser venerada. A deusa viva tem apenas 8 anos e é escolhida por um ritual macabro que envolve dança com máscaras e sacrifício de um búfalo. A menina que não chorar no quarto escuro é eleita a nova deusa viva. Quando menstrua, a menina deixa de ser deusa e outra é escolhida. Como é um mau agouro casar com uma ex-deusa viva, muitas meninas acabam se prostituindo para viver após o fim do seu período de divindade. kumari Kathmandu é mesmo uma viagem no tempo. A cidade é toda baixa, pois – como um morador local nos explicou – também não traz sorte construir um edifício maior que um templo de 6 ou 7 andares que fica na Durbar Square. É claro que isso deve estar mudando… Mas talvez tão lentamente como uma vaca atravessa a rua. A cidade foi um paraíso hippie nos anos 60 e 70. Se hoje o lugar parece parado no tempo, naquela época os hippies encontraram ali um lugar realmente fora do mundo. Eles dormiam nos templos espalhados pela Durbar Square e compravam haxixe na chamada Freak Street, como a rua é popularmente chamada até hoje. Hoje, quase não vimos hippies pela cidade. Ou eles não existem mais, ou descobriram outro lugar, ou Kathmandu não é mais um paraíso psicodélico fora do mapa. Almoçamos no restaurante Third Eye, em Thamel, que tem um terraço agradável. É bem perto do hotel. No final do dia, pegamos nosso transfer para Nagarkot, a mais ou menos 1 hora de distância da capital. No caminho, paramos em Boudhnath, um vilarejo de refugiados tibetanos que existe em torno de uma stupa (templo) – e reúne hoje monges, lojas (de joias, inclusive!), ocidentais em busca da iluminação e turistas curiosos como nós. Depois de girarmos as rodas de oração em torno do templo, presenciamos uma enxurrada de budistas andando no sentido horário em torno da stupa. Quase fomos atropelados pelo fluxo até entendermos que era uma oração coletiva.

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Boudhnath, a stupa dos refugiados tibetanos

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